O ataque isquêmico transitório (AIT) pertence ao grupo de doenças cerebrovasculares, ou seja, que afetam a circulação cerebral. Popularmente, essa condição pode ser conhecida como AVC transitório – no entanto, do ponto de vista técnico, o termo não é considerado adequado.
Ataque isquêmico transitório: o que é?
O AIT é um quadro no qual ocorre a obstrução temporária de uma artéria cerebral. Ela fica entupida por um período e, depois, volta a irrigar o cérebro de forma espontânea. A duração é de poucos minutos: geralmente, os sintomas somem em menos de meia hora, sem deixar lesões no paciente.
Por isso, não é correto falar em “AVC transitório”. O acidente vascular cerebral (AVC) do tipo isquêmico, além de ser causado por uma obstrução arterial definitiva, deixa alguma lesão no indivíduo – seja clinicamente, com sintomas, ou radiologicamente, com lesões vistas em exames de imagem.
Sintomas
Os sintomas do ataque isquêmico transitório são agudos. Isso significa que sua instalação é rápida: ocorre em poucos minutos ou, no máximo, poucas horas. Em geral, a pessoa está muito bem e, de repente, passa a apresentar algum problema.
Como cada área do cérebro é responsável por funções específicas, os sinais de AIT dependem da região atingida.
Por exemplo, se uma artéria vertebral for obstruída, pode haver perda de coordenação de um lado do corpo e perda de visão (não do olho inteiro, mas de um campo visual). Já se ocorrer um entupimento da artéria cerebral média, que é um ramo da artéria carótida, o indivíduo pode perder força e sensibilidade de um lado do corpo.
Também vale destacar que os sintomas de ataque isquêmico transitório costumam aparecer apenas de um lado do corpo. Se a artéria atingida estiver do lado direito do cérebro, o lado do corpo prejudicado é o esquerdo e vice-versa. Os principais sinais desse quadro são:
- Perda de força;
- Perda de sensibilidade;
- Perda de coordenação;
- Perda da visão;
- Dificuldade para falar ou entender o que está sendo dito.
Causas do ataque isquêmico transitório
O AIT é causado pela obstrução de um vaso sanguíneo que leva circulação para o cérebro, que é a mesma causa do AVC. Podem ser afetadas: a artéria aorta e suas ramificações, as artérias carótidas e as artérias vertebrais.
Os principais fatores de risco, capazes de favorecer o entupimento dessas artérias e a ocorrência do AIT, incluem:
- Hipertensão arterial;
- Diabetes;
- Colesterol alto;
- Tabagismo;
- Etilismo;
- Determinadas doenças cardíacas (como a fibrilação atrial, que é um tipo de arritmia).
Quando ir ao médico?
Após o ataque isquêmico transitório, existe o risco de ocorrerem novos episódios de AIT ou mesmo um AVC, que é mais grave e pode deixar sequelas. Esse risco é maior principalmente nas primeiras horas ou nos primeiros poucos dias que sucedem o AIT.
Portanto, é fundamental procurar um hospital assim que surgirem sinais do ataque isquêmico transitório. Ainda que esses sintomas se resolvam, o indivíduo deve buscar assistência médica rapidamente para ser examinado e iniciar um tratamento com o objetivo de prevenir novos AITs ou um AVC.
Qual médico devo procurar?
O neurologista é o profissional mais habilitado para identificar e tratar casos de AIT. Embora o emergencista e o intensivista tenham conhecimentos básicos sobre a condição, o médico especialista nessa área é o neurologista.
Uma vez no hospital, o paciente é avaliado para que seja realizado o diagnóstico e definido o tratamento. O diagnóstico de AIT é essencialmente clínico, feito com o auxílio de uma tomografia computadorizada do crânio.
E, para identificar a causa do ataque isquêmico transitório, geralmente são solicitados os seguintes exames complementares:
- Ecocardiograma com doppler;
- Hemograma;
- Coagulograma;
- Eletrocardiograma;
- Doppler de artérias carótidas e vertebrais;
- Dosagem de glicose;
- Dosagem de colesterol;
- Dosagem de sódio;
- Dosagem de potássio.
Tratamentos para o ataque isquêmico transitório
O tratamento do AIT é focado em detectar a causa do problema e evitar que novos episódios ocorram.
Para isso, é necessário identificar os fatores de risco e tratá-los. Por exemplo: controlar a pressão arterial, a glicose e o colesterol, orientar a interrupção de tabagismo e etilismo, e tratar arritmias cardíacas.
Outro aspecto importante do tratamento são as medicações, que ajudam a evitar novos AITs. Na maioria das vezes, são utilizados antiagregantes plaquetários (ou, se houver alguma arritmia do coração, anticoagulantes) para inibir a formação de coágulos. Além deles, são indicadas as estatinas, para reduzir o colesterol e os lipídios circulantes.
Por fim, é fundamental que haja orientações quanto ao estilo de vida. Para prevenir o ataque isquêmico transitório, também é preciso adotar medidas como:
- Praticar atividades físicas com frequência;
- Manter uma alimentação saudável (rica em fibras e com baixo consumo de lipídios, por exemplo);
- Não fumar;
- Não beber (ou beber com moderação);
- Fazer um check-up cardíaco regularmente para identificar e tratar eventuais problemas.
Possíveis sequelas de um ataque isquêmico transitório
O ataque isquêmico transitório, por definição, não deixa sequelas no paciente. Já o AVC, sim, pode deixar sequelas – e essa é uma das principais diferenças entre os dois quadros.
Nos casos de AIT, a obstrução da artéria é apenas temporária e se resolve completamente e espontaneamente. Então, o indivíduo não fica com sequelas clínicas e nem radiológicas (isto é, não apresenta sintomas ou lesões definitivas no cérebro após o episódio).
No entanto, cabe ressaltar que, após um ataque isquêmico transitório, podem ocorrer novos AITs ou um AVC. Por isso, mesmo que o AIT não deixe sequelas, é importante buscar rapidamente assistência médica.
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