Logo

Gastroenterologia

4 minutos de leitura

Câncer de esôfago: como fazer o diagnóstico precoce

O câncer de esôfago ocorre quando há um crescimento anormal das células que formam os tecidos do órgão.
EF
Dr. Eduardo Fernandes - Hepatologista - MédicoAtualizado em 15/10/2024

Exames clínicos e de imagem são fundamentais para diagnosticar e determinar o estágio da doença

O câncer de esôfago é uma doença que afeta o tubo esofágico, responsável por levar alimentos da garganta ao estômago. Segundo dados do INCA (Instituto Nacional de Câncer), a estimativa para o triênio de 2023 a 2025 é de 10.990 novos casos de câncer de esôfago no Brasil.

Continue a leitura e descubra os sinais mais comuns, como detectar precocemente e as formas de tratamento disponíveis.

Câncer de esôfago: o que é?

O câncer de esôfago ocorre quando há um crescimento anormal das células que formam os tecidos deste órgão essencial do sistema digestivo. Ele tem a função de transportar alimentos e líquidos da garganta para o estômago.

Tipos de câncer de esôfago

Os dois tipos mais comuns de câncer de esôfago são:

  • Carcinoma epidermoide: se forma nas células escamosas que revestem a parte superior e média do esôfago. É o tipo mais associado ao consumo de álcool e tabaco.

  • Adenocarcinoma: tem origem nas células glandulares, geralmente se desenvolvendo na parte inferior ou na junção gastroesofágica do órgão, parte inferior do esôfago que se liga ao estômago. Esse tipo de câncer está frequentemente relacionado à obesidade, refluxo gastroesofágico e também ao tabagismo.

Além desses dois tipos principais, existem outros mais raros, que representam cerca de 5% dos casos de câncer de esôfago. Esses tipos incluem linfomas, sarcomas, carcinoma de pequenas células e tumores adenoides císticos.

Fatores de risco

Diversos fatores de risco estão associados ao desenvolvimento de câncer de esôfago. Alguns dos principais são:

  • Tabagismo: seja o hábito de fumar cigarros, charuto ou cachimbo.

  • Álcool: o excessivo consumo de álcool, especialmente quando combinado com o fumo, é um fator de risco importante. Mais de 95% dos pacientes com tumor de células escamosas são fumantes ou fazem uso de bebidas alcoólicas.

  • Refluxo gastroesofágico e Esôfago de Barrett: a exposição constante e prolongada ao ácido gástrico causada por essas condições pode modificar o revestimento do esôfago, resultando em uma lesão pré-cancerosa que eleva em 30 vezes o risco de desenvolvimento de câncer de esôfago.

  • Outras condições: obesidade, megaesôfago (dilatação do esôfago causada pela Doença de Chagas) e história prévia de câncer de cabeça e pescoço.

  • Alimentação: uma dieta pobre em frutas e vegetais e rica em alimentos processados também está relacionada a um aumento de risco.

  • Gênero: a ocorrência é três vezes mais frequente em homens que em mulheres.

Sintomas

Nos estágios iniciais, o câncer de esôfago pode apresentar sintomas vagos, que muitas vezes podem ser confundidos com outros problemas de saúde. Entre os sinais mais comuns estão o desconforto ou sensação de queimação atrás do esterno (osso do peito), dor na região do tórax e anemia decorrente da perda crônica de sangue.

À medida que a doença progride, os sintomas se tornam mais evidentes. Dentre os sinais mais comuns em fases avançadas estão a dificuldade para engolir (disfagia), que inicialmente afeta a ingestão de alimentos sólidos e, posteriormente, também líquidos, e a dor ao engolir (odinofagia).

Além disso, a perda de peso é frequente, resultante das dificuldades na alimentação. A rouquidão recorrente, causada pela invasão do nervo laríngeo, e uma tosse persistente ou a ocorrência frequente de pneumonias, que podem indicar a invasão do tumor nos brônquios, também são sintomas presentes em estágios mais avançados da doença.

Outro sinal que pode aparecer é a presença de fezes escuras, pastosas e com odor forte, ou até mesmo sangue visível nas fezes, indicando um possível sangramento no trato digestivo.

Qual médico procurar?

O mais indicado é procurar um gastroenterologista, especialista em doenças do sistema digestivo. Ele poderá fazer uma avaliação inicial e, se necessário, encaminhar o paciente a um oncologista.

Como é feito o diagnóstico?

O diagnóstico do câncer de esôfago é feito por meio de uma combinação de exames clínicos e de imagem.

O principal deles é a endoscopia digestiva alta, que permite visualizar o interior do esôfago e, se necessário, coletar amostras de tecido (biópsia) para análise.

Além disso, uma tomografia computadorizada do pescoço, tórax e abdômen pode ser necessária para examinar o tumor primário e verificar a presença de possíveis metástases.

Para determinar o estágio do tumor, sua extensão e profundidade, o médico pode solicitar exames como broncoscopia, PET-CT e ecoendoscopia, especialmente durante o tratamento.

Formas de tratamento para o câncer de esôfago

Após o diagnóstico e a avaliação do estadiamento da doença, o médico apresentará as opções de tratamento disponíveis. Nesse sentido, existem diferentes formas de tratar o câncer de esôfago, que variam conforme o tipo e estádio da doença:

  • Tratamentos locais: são direcionados ao tumor, sem afetar a restante do corpo. No caso de câncer de esôfago, a cirurgia é uma opção fundamental, sendo um procedimento complexo que, muitas vezes, envolve uma ressecção de parte do esôfago e do estômago, dependendo da área afetada. Atualmente, essa cirurgia pode ser realizada por meio da cirurgia robótica, uma técnica menos invasiva que proporciona ao paciente uma recuperação mais rápida, com menos complicações, especialmente pulmonares.

  • Tratamentos sistêmicos: com medicamentos que agem em todo o corpo, seja por via oral ou diretamente na corrente sanguínea. Esses tratamentos são chamados de terapias sistêmicas e incluem quimioterapia, terapia alvo e imunoterapia. O tipo de medicamento utilizado depende do tipo específico de câncer.

Em alguns casos, dependendo do estadiamento da doença e de outros fatores, pode ser necessário combinar diferentes tipos de tratamentos ou aplicá-los em sequência.

Escrito por
EF

Dr. Eduardo Fernandes

Hepatologista | Médico
Escrito por
EF

Dr. Eduardo Fernandes

Hepatologista | Médico