Muito comum entre as celebridades, o chamado “chip hormonal", também conhecido como “chip da beleza", tornou-se famoso por causa de seus potenciais efeitos benéficos, como emagrecer, controlar os sintomas menstruais, melhorar a libido e aumentar a massa muscular. No entanto, esse tipo de implante está associado a eventos adversos graves e pode colocar em risco a saúde e a vida da mulher. Entenda como o termo “chip da beleza" se popularizou equivocadamente e quais as indicações para o uso correto de um implante hormonal.
O que é o “chip da beleza" e como ele funciona?
Segundo o Dr. Lúcio Henrique Vieira, endocrinologista do Centro de Diabetes e Obesidade do Centro Médico do Hospital São Lucas Copacabana, o nome carrega um apelo comercial relacionado com um tratamento que não tem embasamento científico. Não estamos falando de um chip eletrônico, mas de um dispositivo no formato de um pequeno tubo de silicone, de 3 cm, que é inserido sob a pele do abdome ou do glúteo.
Ele possui uma combinação de hormônios, definidos especialmente para cada mulher, que são liberados diariamente e de forma errada e descontrolada no corpo. Em razão das altas doses de hormônio que o tratamento proporciona, as pessoas que o usam relatam perceber logo uma sensação de bem-estar, menos inchaço, celulite reduzida e definição do corpo associado à prática de atividades físicas. Ou seja, praticamente o mesmo padrão de efeitos induzidos pelo uso inadequado de esteroides anabolizantes em fisiculturistas e “atletas" do mundo fitness.
O Dr. Lúcio reforça que os endocrinologistas e todas as sociedades médicas internacionais ligadas à endocrinologia ressaltam que o termo “chip da beleza" é usado de maneira inadequada para se referir ao implante hormonal, mas que, mesmo assim, acabou se popularizando dessa forma.
Qual o uso correto do implante hormonal à base de levonogestrel?
O tratamento correto com implante hormonal deve ter como finalidade o método anticoncepcional. Logo, quando indicado de forma assertiva ao perfil adequado da paciente, ele é capaz de prevenir a gravidez. Portanto, não é recomendado para fins estéticos.
O exemplo de implante seguro é o bastonete contraceptivo, com o nome comercial Implanon, disponível nas redes de farmácias no Brasil desde 1999, que libera hormônios na corrente sanguínea de forma contínua para prevenir a ovulação e promover a atrofia do endométrio, evitando a gravidez. Segundo o Dr. Lúcio Henrique Vieira, o Implanon é o “implante" testado cientificamente e contém, como principal substância, o hormônio levonogestrel.
Quais os riscos de implantes hormonais femininos?
Os riscos em decorrência do uso indiscriminado de hormônios, como os do “chip da beleza", está relacionado diretamente com a saúde da paciente, que pode ter maiores chances de desenvolver diabetes, trombose, câncer e vários problemas metabólicos. Além disso, quando o implante possui testosterona, o aumento dessa substância no corpo feminino oferece outros desdobramentos no longo prazo, como facilidade para engordar ou dificuldade para emagrecer. Somado a esses efeitos, o uso inadequado do chip pode levar ao aumento de até 3 cm do clitóris, à perda de cabelo e ao engrossamento definitivo da voz.
Quando o chip hormonal de levonogestrel é indicado?
O implante hormonal de levonogestrel pode ser indicado como método anticoncepcional para mulheres em idade fértil. Porém, ele deve ser recomendado somente por um profissional de saúde capacitado, que levará em consideração as necessidades da mulher e o seu estado geral de saúde.
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