É possível que você já tenha se deparado com algumas frases como “dieta gluten free” ou então “contém glúten” em embalagens de alimentos. À primeira vista, esses termos podem causar estranheza a leigos, pois dão a impressão de que se trata de uma substância prejudicial à saúde, o que não é bem verdade. Mas você sabe o que de fato é esse composto e o que ele realmente causa no organismo?
Para os celíacos, portadores de uma doença crônica que gera intolerância ao glúten, esse enigma já foi decifrado há muito tempo: a substância não deve ser ingerida. Trata-se de uma proteína encontrada em alguns cereais, como trigo, centeio e cevada, que é responsável pela elasticidade e pelo crescimento das massas. No organismo dos celíacos, há uma rejeição crônica à substância, que resulta numa inflamação que danifica o intestino delgado, trazendo sintomas como diarreia, fraqueza e perda de peso.
Tornou-se cada vez mais comum a disseminação de tendências de dietas, especialmente com base em influenciadores da internet, e com o glúten não é diferente: muitos acreditam que a substância é causadora de ganho de peso indesejado. Apesar de essa restrição alimentar resultar em emagrecimento em muitos casos, a explicação é mais complexa do que pode parecer.
O dr. João Merheb, médico nutrólogo do Hospital São Lucas Copacabana, explica que, para os que não sofrem nenhum grau de intolerância, o emagrecimento envolve múltiplos fatores: “Evitando produtos com glúten, acabamos optando por alimentos melhores do ponto de vista nutricional, o que, sem dúvida, ajuda no processo de emagrecimento. Portanto, a perda de peso acaba sendo uma consequência indireta”, explica.
“Além disso, o glúten interfere na flora bacteriana intestinal, de uma forma que piora a resposta imunológica do paciente. Não é incomum pacientes com pequenas manifestações alérgicas, como a rinite, melhorarem após a restrição da substância. Sem falar nos efeitos de uma melhor produção de serotonina no intestino de pessoas que deixam de consumir produtos que modulam mal a flora bacteriana intestinal, como é o caso do próprio glúten. Portanto, mesmo para os que não possuem a doença celíaca, é recomendado limitar a ingestão de glúten na alimentação”, explica.
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