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Perda de memória recente: o que pode estar por trás desse sintoma?

A perda de memória recente é um sintoma cognitivo caracterizado pela dificuldade ou incapacidade de recordar informações adquiridas há pouco tempo.
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Dr. Marco Py - Neurologista Atualizado em 22/01/2025

Dificuldade em lembrar de fatos e informações apreendidas há pouco tempo pode ser um sinal de alerta para problemas cognitivos; saiba quais

Nem todo mundo sabe, mas esquecer é também uma das funções do cérebro. O problema é quando isso passa a ocorrer de forma ampla, prejudicando a qualidade de vida ao deixar de estar em compromissos e eventos previamente agendados, por exemplo. No caso da perda de memória recente, o quadro pode ser um sintoma associado a diferentes causas – desde fatores temporários (como estresse e problemas emocionais) até condições de saúde mais complexas. Mas, afinal, o que pode estar por trás desse esquecimento? Quais são as possíveis causas e como lidar com essa situação? Confira a resposta para esta e outras perguntas a seguir.

Perda da memória recente: o que é?

A perda de memória recente é um sintoma cognitivo caracterizado pela dificuldade ou incapacidade de recordar informações adquiridas há pouco tempo, como conversas, eventos e tarefas que ocorreram ou foram realizados recentemente.

Diferentemente de problemas relacionados à memória de longo prazo, essa alteração pode afetar a realização de tarefas do dia a dia, como lembrar de compromissos agendados e até de informações importantes adquiridas recentemente.

Esse tipo de esquecimento pode ser temporário e estar relacionado a fatores como estresse, privação de sono, uso excessivo de tecnologia ou alimentação inadequada. Em alguns casos, no entanto, pode ser um indicativo de problemas médicos mais complexos, como doenças neurodegenerativas, como o Alzheimer.

Perda de memória recente em jovens: o que pode indicar?

A perda de memória em jovens geralmente está associada a causas específicas, tais como:

Estresse e ansiedade: a pressão por resultados acadêmicos ou profissionais gera cansaço excessivo e pode afetar a capacidade de concentração e atenção, prejudicando a retenção de informações recentes.

Transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH): pessoas com TDAH podem ter dificuldades em manter o foco e, consequentemente, apresentar problemas de memória.

Sono inadequado: a falta de um sono reparador prejudica a consolidação das memórias no cérebro.

Uso de substâncias: o consumo excessivo de álcool, drogas e até alguns tipos de medicamentos pode prejudicar a consolidação da memória recente.

Em situações mais raras, condições como traumas cranianos, deficiências nutricionais (especialmente de vitamina B12) ou distúrbios psiquiátricos também podem ser responsáveis pelo surgimento desse sintoma em indivíduos jovens.

Perda de memória recente em idosos: o que pode ser?

É muito comum associar a perda de memória a um sintoma comum da velhice. No entanto, o consenso médico atual é de que o esquecimento de informações que prejudique a qualidade de vida do indivíduo em qualquer etapa da vida, ou seja, incluindo na terceira idade, é, sim, motivo de preocupação e deve ser investigado.

Entre os idosos, as causas mais comuns de perda de memória recente são:

Envelhecimento: o processamento de dados pelo cérebro se torna mais lento, o que pode levar o órgão a “deixar passar” algumas informações – sem que isso seja considerada uma condição patológica.

Demências: doenças como Alzheimer, Parkinson e demência frontotemporal (entre outras condições neurológicas) afetam inicialmente a memória recente antes de comprometer outras funções cognitivas.

Doenças vasculares: problemas associados à circulação cerebral podem levar a pequenos derrames ou isquemias (como no ataque isquêmico transitório que afetam a memória.

Qual médico procurar?

Diante dos primeiros sinais de perda de memória e/ou quando o problema começa a interferir de forma negativa no dia a dia e na qualidade de vida do indivíduo, é importante buscar a orientação de um médico. Nesse caso, o neurologista ou, em alguns casos, o geriatra, deve ser acionado para uma avaliação adequada.

Exames indicados

Além de realizar uma anamnese e um exame clínico, o médico neurologista ou de outra especialidade poderá pedir mais exames para investigar ou descartar possíveis causas da perda de memória recente. Alguns desses exames incluem:

Ressonância magnética (RM): para identificar alterações estruturais no cérebro.

Tomografia computadorizada (TC): para avaliar possíveis lesões ou tumores no cérebro.

Eletroencefalograma (EEG): avalia a atividade elétrica do cérebro.

Testes neuropsicológicos: para avaliar as funções cognitivas como memória, atenção, linguagem e raciocínio, “mapeando” o funcionamento cerebral individual de forma detalhada.

Exames de sangue: para verificar possíveis deficiências vitamínicas, infecções ou doenças metabólicas.

Formas de exercitar e preservar a memória

Exercitar a memória e adotar hábitos saudáveis pode prevenir doenças que causam problemas de memória e retardar a progressão do sintoma em pacientes diagnosticados com essas condições. Algumas práticas recomendadas incluem:

Ler: a leitura estimula a imaginação e a criatividade, além de ampliar o vocabulário.

Resolver palavras cruzadas, jogos de memória e quebra-cabeças: esses jogos ajudam a treinar a memória e a concentração.

Aprender algo novo: estudar um novo idioma ou tocar um instrumento musical, por exemplo, desafiam o cérebro e estimula a formação de novas conexões neuronais.

Praticar exercícios físicos: a atividade física regular melhora a circulação sanguínea no cérebro (e no corpo todo), favorecendo a saúde cognitiva.

Sono regular: dormir bem é essencial para a consolidação e manutenção da memória tanto de curto como de longo prazo.

Manter uma vida social ativa: interagir com outras pessoas, manter laços afetivos e participar de atividades sociais estimula a mente e previne o isolamento social e a depressão, fatores de risco para o declínio cognitivo.

Formas de tratamento para a perda de memória recente

O tratamento dependerá da causa do sintoma. Para pacientes com problemas ligados à saúde mental, como ansiedade, depressão e estresse crônico, por exemplo, o médico pode recomendar o uso de antidepressivos associados à psicoterapia e ainda à adoção de bons hábitos de vida (como melhorar a alimentação, dormir melhor e praticar atividade física).

Já para pacientes com doenças crônicas mais complexas que causam a perda de memória progressiva, como o Alzheimer, existem medicamentos que podem retardar a progressão da doença. Além disso, a terapia cognitivo-comportamental pode ajudar a melhorar a qualidade de vida desses pacientes e dar ferramentas emocionais e cognitivas para lidar com essa limitação.

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Dr. Marco Py

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