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4 minutos de leitura

Transplante de medula: como é feito?

O transplante de medula é um procedimento médico que consiste na transfusão de células-tronco.
DT
Dr. Daniel Tabak - Coordenador de Onco-Hematologia Centron-Dasa Oncologia Atualizado em 22/01/2025

O procedimento médico consiste na transfusão de células-tronco vindas de um doador ou do próprio paciente

O transplante de medula óssea é um procedimento vital que pode salvar vidas em casos de doenças graves do sangue. Segundo o Ministério da Saúde, nos primeiros seis meses de 2024, foram realizados 1.512 transplantes desse tipo no Brasil, representando um aumento de 3,2% em comparação ao mesmo período do ano anterior.

Continue a leitura e saiba mais sobre o que é o transplante de medula, como é feito, quem pode doar, os tipos de transplante disponíveis e como é o processo de recuperação.

Transplante de medula: o que é?

O transplante de medula óssea, também conhecido como TMO, é um procedimento médico que consiste na transfusão de células-tronco vindas de um doador ou do próprio paciente. Ele é indicado em casos de doenças do sangue.

Qual a função da medula óssea?

A função da medula óssea é a produção de células humanas essenciais, como glóbulos brancos, glóbulos vermelhos e plaquetas, garantindo a defesa imunológica, o transporte de oxigênio e a coagulação adequada do sangue.

Quando o transplante de medula é necessário?

O transplante de medula óssea é indicado em casos de doenças do sangue, sejam elas malignas, como leucemias e linfomas, ou benignas, como anemia aplásica, anemia falciforme e talassemia. Estas patologias são tratadas com um transplante alogênico. Neste tipo de transplante, as células tronco são obtidas a partir de um doador saudável e que apresenta compatibilidade genética com o paciente.

Tipos de transplante de medula

Existem dois principais tipos de transplante de medula óssea, cada um indicado para diferentes condições de saúde.

Transplante alogênico: nesse caso, o paciente recebe a medula óssea de um doador, que pode ser um parente ou uma pessoa não relacionada, mas com compatibilidade genética, mesmo que parcial. Essa modalidade é recomendada para doenças que afetam diretamente a medula e requerem a substituição completa do tecido comprometido.

Transplante autólogo: o próprio paciente é o doador. As células-tronco são retiradas, armazenadas e reintroduzidas após tratamentos como quimioterapia intensa.

No transplante alogênico, as células doadas fazem parte da cura. No transplante autólogo, as células-tronco são apenas um coadjuvante.

Quem pode doar medula óssea?

Qualquer pessoa saudável, entre 18 e 35 anos, pode se candidatar a doador de medula óssea, desde que não tenha condições médicas como câncer, doenças infecciosas, imunológicas, hematológicas ou incapacitantes.

Para se cadastrar, basta procurar um hemocentro habilitado, apresentar um documento de identidade, preencher um formulário e fornecer uma amostra de sangue. Essa amostra será usada para analisar a compatibilidade genética com pacientes que aguardam transplante.

O cadastro é registrado no Redome (Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea), conectado a bancos de dados internacionais, permitindo que doadores possam ajudar pacientes em qualquer parte do mundo. Caso seja identificado um paciente compatível, o doador será contatado para confirmar sua disposição e passar por uma triagem mais detalhada.

Manter as informações de contato atualizadas no Redome é essencial para facilitar o contato em caso de compatibilidade.

Como funciona o transplante de medula óssea alogênico?

O transplante de medula óssea é um procedimento que se assemelha a uma transfusão de sangue, realizado por meio de um cateter em uma veia central.

Antes do transplante, o paciente passa por uma avaliação médica completa para verificar se está apto, incluindo exames detalhados de órgãos como pulmão, rim e coração. Uma semana antes do procedimento, o paciente é internado e submetido a tratamentos como quimioterapia, radioterapia ou imunoterapia para destruir a medula óssea comprometida.

O doador, por sua vez, passa por um check-up e, no momento da doação, tem a medula retirada com uma agulha a região da bacia sob anestesia peridural. As células-tronco coletadas são processadas e transferidas ao receptor em cerca de duas horas. Mais frequentemente, outra técnica de doação é utilizada, chamada aférese. Ela consiste na utilização de medicação para estimular as células-tronco a migrarem para o sangue, permitindo a coleta mediante uma máquina que separa as células desejadas.

Agora, no caso do transplante autólogo, em que o próprio paciente é o doador, as células são retiradas por aférese, congeladas e reintroduzidas após tratamentos intensivos, como mencionado anteriormente.

Como é a recuperação após o transplante autólogo?

A recuperação após o transplante de medula óssea envolve um período de 15 a 20 dias, desde a infusão das células tronco até a recuperação hematológica, quando a nova medula começa a funcionar no organismo e é conhecida como enxertia ou “pega da medula”.

Durante essa fase, o paciente está mais vulnerável a infecções e permanece em isolamento em uma unidade especializada, pois a medula original foi destruída pela quimioterapia e a nova continua se adaptando. Também neste período frequentemente são necessárias transfusões de glóbulos vermelhos e plaquetas bem como antibióticos para minimizar os riscos de infecções.

Efeitos colaterais como dor de garganta, diarreia, febre, náuseas e irritações na pele podem ocorrer devido aos tratamentos preparatórios.

Após a alta hospitalar, o acompanhamento ambulatorial é essencial, já que a recuperação completa da imunidade pode levar cerca de um ano. Nos primeiros meses, as consultas são mais frequentes, passando de duas vezes por semana para intervalos maiores ao longo da vida.

Como é a recuperação após o transplante alogênico?

Além dos fenômenos já descritos e secundários às altas doses de quimioterapia, a adaptação das células do doador no ambiente do receptor exige a utilização de medicamentos imunossupressores responsáveis por minimizar os riscos de uma reação do enxerto contra o hospedeiro. Esta reação é frequente nos transplantes alogênicos e pode ser muito grave. Está associada a reações cutâneas, hepáticas e diarreia. Felizmente, diversos avanços nos últimos anos garantiram uma maior segurança do procedimento, como imunossupressores, antibióticos e antivirais capazes de minimizar os riscos do transplante.

Escrito por
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Dr. Daniel Tabak

Coordenador de Onco-Hematologia Centron-Dasa Oncologia
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Dr. Daniel Tabak

Coordenador de Onco-Hematologia Centron-Dasa Oncologia