Bem sabemos os efeitos positivos do amor em todas as áreas da vida. Como um remédio que não tem contraindicação, ele é instrumento de verdadeiras revoluções. Por isso trata-se de um sentimento capaz de curar emocionalmente e produzir efeitos que auxiliam na melhoria da saúde e do bem-estar de quem passa por alguma doença ou dor.
Especialistas acreditam que o amor fortalece e faz com que seja possível buscar, dentro de si mesmo, a solução de problemas. Receber o diagnóstico de alguma doença nunca é fácil, e passar pelo tratamento de um quadro complexo, por exemplo, gera naturalmente insegurança e medo, o que faz com que a participação da família e dos amigos seja fundamental.
No entanto, esse período de tratamento pode trazer muitos desafios para as pessoas que amam o paciente e estão por perto. Logo, a busca pelo equilíbrio é importante e deve se ajustar com o tempo. Essa situação acontece porque, geralmente, ocorre um excesso de zelo, por amor ao paciente, mas tirar sua autonomia e independência também pode gerar ansiedade.
Os cientistas estudam, há muitas décadas, o efeito curativo do amor. Algumas dessas pesquisas observaram que os pacientes que receberam cuidados amorosos da família no tempo em que estiveram hospitalizados recuperaram-se mais rápido em comparação com os que sofreram o mesmo trauma e não tiveram visitas de amigos e familiares.
Além de auxiliar o tratamento de doenças, a interação protege a saúde e aumenta a longevidade. Estudos mostram que fazer atividade física é tão relevante quanto não ficar sozinho.
Culturalmente, os brasileiros são um povo afetivo e próximo de outras pessoas. Com sociedades constituídas por pessoas cada vez mais individualistas, há outros substitutos, como bichinhos de estimação, cães e gatos e o consumo exagerado de produtos. Tudo isso é feito para preencher a necessidade afetiva que os relacionamentos saudáveis – familiar, amizade e comunitário – proporcionam.
O que o amor pode proporcionar nos diferentes momentos da vida?
De acordo com Bárbara Falcão, psicóloga do Hospital São Lucas Copacabana, diversos estudos nos campos da psicologia e psiquiatria têm demonstrado que a existência de afeto, empatia, diálogo e suporte social influencia não apenas a melhoria da qualidade de vida de pessoas doentes, como também a adesão a tratamentos e a promoção de bem-estar subjetivo emocional em pacientes.
Quando se fala em doenças crônicas – aquelas enfermidades que não são transmissíveis e que se prolongam ao longo do tempo –, o acolhimento por meio do afeto e do amor mostra elevada relevância na qualidade de vida do paciente, que leva a sentimentos subjetivos de otimismo, maior atividade física e mental e manutenção de relações sociais e familiares e impacta positivamente na adesão ao tratamento.
Envolver a família é essencial no suporte emocional do paciente, assim como na motivação diária para seguir o tratamento. Por meio do diálogo direto com o paciente, sempre que possível, a equipe médica pode melhorar a compreensão dele sobre a doença e o tratamento pelo qual ele está passando. Sendo assim, estimular espaços em que equipe assistencial, pacientes e familiares dialoguem, para que possam expressar sensações, experiências e esclarecer dúvidas, criando uma relação aberta de respeito e empatia, de forma a estabelecer uma interação baseada na confiança e no afeto entre os profissionais de saúde, os familiares e o paciente, é fundamental.
Os relacionamentos são significativos em todas as etapas da vida. Os vínculos – entre namorados, familiares, amigos, redes de apoio, vizinhos ou colegas de trabalho –, quando saudáveis, proporcionam vantagens em diversos aspectos.
esse sentimento faz parte da condição humana em alguns momentos. Quando não se prolonga muito, é até saudável, já que faz parte do processo de cura emocional ao aceitar novas realidades. No entanto, passar por perdas, necessidade de mudança e possíveis adversidades fica mais leve quando se conta com pessoas que amamos. Tê-las por perto ajuda a seguir em frente!
estudos demonstram que quando os pacientes têm o apoio da família, conseguem receber melhor o tratamento. Isso porque a segurança de saber que se é amado acalma, afasta a insegurança e a aflição. Poder contar com a família é fundamental na recuperação do paciente.
o amor move, pois gera forças para enfrentar situações negativas. Ele revigora e aumenta o desejo de superar obstáculos e desenvolver habilidades. Além disso, melhora a autoestima e ajuda no combate ao desânimo e a doenças.
- Saúde emocional para viver melhor
quando pensamos no amor como sinônimo de “amor saudável", só é possível ver efeitos benéficos. Na realidade, isso se opõe ao “amor nocivo" ou “tóxico" (o que, na realidade, não seria amor). Chamamos a atenção para isso apenas para deixar reforçada a importância dos relacionamentos saudáveis, que se constroem com base no respeito às diferenças. Portanto, cultivar esse sentimento é buscar sempre um bem comum, com acolhimento para as necessidades e particularidades individuais.
A importância do diálogo nos relacionamentos
A psicóloga destaca ainda a importância da criação de um espaço de diálogo entre a equipe multidisciplinar (médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem, fisioterapeutas, nutricionistas e psicólogos) e o paciente. “Muito se fala da importância do amor, carinho e afeto no suporte emocional e na melhora da qualidade de vida de pacientes com doenças crônicas. Porém, tão importante é que a equipe médica desenvolva empatia por seu paciente. Essa relação de empatia e diálogo acaba por ter um grande efeito de alívio, gerando segurança, credibilidade e um ambiente acolhedor que dá ânimo ao paciente para ele levar adiante o tratamento, diminuindo significativamente o índice de abandono e evasão de terapias prolongadas."
Todo esse processo se dá por meio do diálogo. É fundamental que haja a criação de espaços para conversa entre paciente e profissionais de saúde, em que se possa criar empatia e afeto pelos profissionais e confiança e segurança no paciente. Por outra via, o desenvolvimento do hábito do diálogo e da empatia em médicos, enfermeiros e demais membros cuidadores apresenta um aprendizado emocional importante: a humanidade do paciente.
Esse reconhecimento retroalimenta, na equipe médica, a percepção da singularidade de cada paciente e a necessidade de abertura de espaços de diálogo, o que acaba por gerar um círculo virtuoso, no qual o médico estabelece um relacionamento humanizado e empático com o paciente, ao mesmo tempo em que o paciente desenvolve sentimentos positivos de confiança, segurança e credibilidade pelo médico.