Cuidar da saúde mental ajuda a prevenir a síndrome
Este mês é marcado pela campanha Janeiro Branco, criada com o intuito de promover a reflexão sobre a saúde emocional e divulgar informações sobre a importância desse cuidado. No mundo moderno, com demandas e estímulos diversos, não é de se admirar que as pessoas estejam cada vez mais envolvidas com o trabalho e as multitarefas diariamente.
No entanto, o excesso de atividades por longos períodos e a permanência em ambientes estressantes podem acarretar distúrbios psicológicos e físicos, como a chamada síndrome de Burnout, que é uma condição caracterizada pelo estresse e esgotamento no âmbito profissional. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), ela é resultado do estresse e é identificada por três aspectos: sensação de exaustão ou desgaste de energia, aumento do distanciamento mental do próprio trabalho ou a presença de sentimentos negativos relacionados com sua ocupação e redução da eficácia profissional.
É preciso ter em mente que um espaço saudável de trabalho é aquele no qual as cobranças e pressões são compatíveis com as habilidades e os recursos dos colaboradores. No entanto, as sistemáticas urgências podem provocar o quadro de Burnout e resultar em sintomas como cansaço constante; falta de memória; distúrbios do sono; irritabilidade; dores musculares e de cabeça; falta ou excesso de apetite; alterações de humor; ansiedade e depressão. A boa notícia é que alguns hábitos podem ajudar a prevenir o problema.
O que é síndrome de Burnout?
A junção dos termos em inglês “burn", que significa queimar, e “out", exterior, simboliza o cansaço profissional extremo que provoca um distúrbio emocional e causa nervosismo, fadiga e exaustão. Tal quadro ocorre em consequência de rotinas desgastantes, em que há competitividade excessiva e grande responsabilidade entre os que trabalham constantemente sob pressão.
De acordo com Bárbara Falcão, psicóloga do Hospital São Lucas Copacabana, “É importante ter ciência de que a enfermidade não acomete somente a vida profissional do indivíduo, mas envolve a vida pessoal, emocional, social e familiar", reforça a profissional.
A síndrome manifesta-se mais comumente em pessoas que trabalham sob forte pressão, principalmente os profissionais da saúde (médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, técnicos de enfermagem…), mas apresenta-se de forma igualmente relevante em executivos, advogados, publicitários, professores e profissionais de finanças, entre outras áreas de atuação profissional.
O que pode acarretar a enfermidade?
A psicóloga explica ainda que a síndrome de Burnout é um distúrbio psicológico que se manifesta sob três dimensões:
exaustão emocional – sensação acentuada de esgotamento de recursos físicos e emocionais;
despersonalização – reação negativa ou excessivamente distanciada em relação às pessoas do ambiente de trabalho e da convivência social e até familiar;
baixa realização pessoal – sentimentos de perda de produtividade, incapacidade de concluir projetos, incompetência e apatia.
Dependendo do grau dessas três dimensões, a pessoa pode apresentar quadros que podem variar de depressão profunda e crise do pânico até ansiedade persistente e compulsões. Independentemente do quadro que venha a se desenvolver, é importante o acompanhamento médico e psicoterápico para tratamento e prevenção do distúrbio.
Como identificar a síndrome de Burnout?
Outros sinais que podem demonstrar o início do quadro no dia a dia. Observe se as características a seguir são:
fadiga;
pressão alta;
dor de cabeça frequente;
mudanças no apetite;
insônia;
dificuldade para se concentrar;
alteração nos batimentos cardíacos;
insegurança;
pensamentos negativos;
falta de esperança e sentimento de derrota;
sensação de incompetência;
variações bruscas de humor;
isolamento;
dores musculares.
Esses indicativos podem aparecer de maneira sutil e piorar ao longo dos dias, o que faz com que as pessoas acreditem se tratar de algo passageiro. Por isso é fundamental observar se tais manifestações se agravam e procurar atendimento especializado.
Como prevenir?
Segundo a psicóloga, vivemos em uma sociedade em que o estresse já é considerado um problema crônico, não somente em decorrência do trabalho, e ganhou destaque como um desafio à saúde pública.
Desde 1999, a síndrome de Burnout é reconhecida como doença relacionada com o trabalho. “Dessa forma, a prevenção da exaustão excessiva passa pela construção de rotinas em que haja breves pausas periódicas; noites de sono regulares que durem ao menos oito horas; estabelecimento de limites de tempo de expediente e prática de exercícios físicos regulares, além de uma alimentação balanceada. Vale experimentar também atividades de relaxamento e mindfulness", explica.
Além dessas ações, se aparecer qualquer um dos sintomas citados anteriormente, procure um especialista.
Como tratar a síndrome de Burnout?
O procedimento é realizado por meio de psicoterapia e pode necessitar de indicação de medicamentos, como ansiolíticos e antidepressivos. Inclui também mudanças no trabalho e estilo de vida, com a inclusão de atividades relaxantes.
“Como a síndrome se apresenta de diferentes formas, com sintomas e demanda específicos, podemos usar abordagens terapêuticas distintas, ou seja, o tratamento deve ser delineado de acordo com a personalidade, o histórico de vida, o extrato social e a estrutura familiar do indivíduo. A recomendação é que a pessoa procure assistência médica e psicológica", explica Bárbara.