A fibrilação atrial é a arritmia mais frequente na prática clínica, sendo que a incidência aumenta com a idade. Caracterizada por batimentos cardíacos irregulares, essa condição pode aumentar significativamente o risco de acidente vascular cerebral (AVC) e outras complicações cardíacas graves.
Fibrilação Atrial: o que é?
A fibrilação atrial (FA) é uma condição na qual o coração bate de forma irregular e frequentemente acelerada. Normalmente, o coração bate em um ritmo regular graças aos sinais elétricos que coordenam a contração dos músculos cardíacos. Na fibrilação atrial, esses sinais elétricos se tornam caóticos, levando a um batimento atrial rápido e desorganizado. Isso resulta em uma redução na eficiência do coração em bombear sangue, o que pode levar a uma série de complicações.
A fibrilação atrial pode ser paroxística (episódios que ocorrem e desaparecem por conta própria), persistente (episódios que duram mais de sete dias e podem necessitar de intervenção médica para retornar ao ritmo normal) ou permanente (quando a condição se torna contínua e não responde ao tratamento).
Embora a fibrilação atrial não seja diretamente fatal, ela aumenta significativamente o risco de formação de coágulos sanguíneos, que podem levar a um AVC.
Classificações da fibrilação atrial
A fibrilação atrial pode ser classificada em diferentes tipos, dependendo de sua duração e da resposta ao tratamento:
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Fibrilação Atrial Paroxística: ocorre de forma intermitente, com episódios que geralmente duram menos de 24 horas, mas podem se estender por até uma semana. Esses episódios tendem a se resolver espontaneamente, sem a necessidade de tratamento. No entanto, mesmo que os sintomas desapareçam sozinhos, é importante consultar um médico, pois a condição pode evoluir.
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Fibrilação Atrial Persistente: neste tipo, os episódios de fibrilação atrial duram mais de sete dias e não desaparecem por conta própria. Para retornar ao ritmo cardíaco normal, pode ser necessário o uso de medicamentos ou procedimentos médicos, como a cardioversão elétrica.
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Fibrilação Atrial Permanente: neste caso, o ritmo cardíaco irregular se torna uma condição contínua. O controle da frequência cardíaca e a prevenção de complicações, como coágulos sanguíneos, tornam-se o foco do tratamento, uma vez que a reversão para um ritmo normal geralmente não é possível ou recomendada.
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Fibrilação Atrial Silenciosa: algumas pessoas podem ter fibrilação atrial sem apresentar sintomas, uma condição conhecida como fibrilação atrial silenciosa. Mesmo sem sintomas evidentes, os riscos associados à condição são os mesmos, incluindo o risco aumentado de AVC. A fibrilação atrial silenciosa é muitas vezes descoberta durante exames de rotina ou após um AVC.
Possíveis causas para a fibrilação atrial
A fibrilação atrial pode ser causada por uma série de fatores, muitos dos quais estão relacionados a condições cardíacas subjacentes ou a fatores de risco cardiovasculares. Entre as principais causas estão:
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Hipertensão arterial: a pressão arterial elevada pode forçar o coração a trabalhar mais intensamente, levando a alterações na estrutura e função dos átrios, o que pode desencadear fibrilação atrial.
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Doença arterial coronariana: o acúmulo de placas nas artérias que irrigam o coração pode limitar o fluxo sanguíneo, aumentando o risco de fibrilação atrial.
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Valvulopatias: problemas nas válvulas cardíacas, como a estenose mitral ou insuficiência mitral, podem alterar o fluxo sanguíneo dentro do coração, favorecendo o desenvolvimento de arritmias.
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Insuficiência cardíaca: quando o coração não consegue bombear sangue de forma eficaz, a pressão dentro dos átrios aumenta, o que pode levar à fibrilação atrial.
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** Doenças pulmonares:** condições como a doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) podem alterar a pressão nas câmaras cardíacas, contribuindo para o aparecimento de fibrilação atrial.
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Distúrbios da tireoide: tanto o hipertireoidismo quanto o hipotireoidismo podem afetar o ritmo cardíaco, sendo o primeiro mais associado ao desenvolvimento de fibrilação atrial.
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Uso excessivo de álcool: o abuso é um fator de risco conhecido para a fibrilação atrial, especialmente os casos de excessos cometidos num curto espaço de tempo, uma condição popularmente conhecida como “síndrome do coração de feriado”.
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Apneia do sono: distúrbios respiratórios durante o sono podem causar alterações na pressão dentro do coração, aumentando o risco de arritmias, incluindo a fibrilação atrial.
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**Fatores genéticos: ** em alguns casos, a fibrilação atrial pode ter uma predisposição genética, com a condição sendo mais comum em pessoas com histórico familiar da doença.
Sintomas da Fibrilação Atrial
Os sintomas da fibrilação atrial podem variar amplamente de uma pessoa para outra. Enquanto alguns indivíduos não apresentam sintomas (fibrilação atrial silenciosa), outros podem experimentar uma série de manifestações, que incluem:
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Palpitações: a sensação de batimentos cardíacos acelerados, irregulares ou “pulando batidas” é um dos sintomas mais comuns.
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Fadiga: devido à eficiência reduzida do coração em bombear sangue, a fadiga é um sintoma frequente, mesmo durante atividades leves.
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Falta de ar: a sensação de dificuldade para respirar, especialmente durante o esforço físico, é outro sintoma comum.
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Tontura ou vertigem: a diminuição do fluxo sanguíneo para o cérebro pode causar episódios de tontura ou vertigem.
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Dor no peito: embora menos comum, algumas pessoas podem sentir dor no peito, o que pode ser confundido com sintomas de um ataque cardíaco.
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Confusão mental: a circulação inadequada pode levar a uma sensação de confusão ou falta de clareza mental.
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Desmaios: em casos mais graves, a redução do fluxo sanguíneo pode causar desmaios, especialmente se a frequência cardíaca se tornar muito rápida ou muito lenta.
Qual médico devo procurar?
Se você suspeita que está com fibrilação atrial, o primeiro passo é procurar um cardiologista, especialista que lida com condições cardíacas. O cardiologista pode avaliar seus sintomas, realizar exames diagnósticos e recomendar o tratamento adequado.
Em alguns casos, pode ser necessário consultar um electrofisiologista, um cardiologista especializado em ritmos cardíacos anormais, especialmente se o tratamento incluir procedimentos como a ablação cardíaca.
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Como é feito o diagnóstico?
O diagnóstico da fibrilação atrial geralmente começa com uma avaliação clínica completa, incluindo uma análise detalhada dos sintomas e do histórico médico do paciente. A partir daí, uma série de exames pode ser realizada para confirmar a presença da arritmia e avaliar sua gravidade. Os principais exames incluem:
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Eletrocardiograma (ECG): é o exame mais comum para detectar fibrilação atrial. Ele registra a atividade elétrica do coração e pode identificar batimentos irregulares.
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Exame Holter 24h: um dispositivo portátil que registra continuamente o ritmo cardíaco durante 24 horas, permitindo detectar episódios intermitentes de fibrilação atrial.
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Ecocardiograma: utilizando ultrassom, este exame permite avaliar a estrutura e a função do coração, identificando anormalidades que possam estar contribuindo para a fibrilação atrial.
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Teste de Esforço ou teste ergométrico: este exame avalia como o coração responde ao esforço físico e pode detectar fibrilação atrial que ocorre durante o exercício.
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Estudo eletrofisiológico: em casos mais complexos, pode ser realizado um estudo eletrofisiológico, no qual cateteres são inseridos nas veias e guiados até o coração para mapear as vias elétricas e identificar áreas que estão causando a arritmia.
Tratamentos para a fibrilação atrial
O tratamento da fibrilação atrial é multifacetado, focando em controlar a frequência cardíaca, restaurar o ritmo normal do coração, prevenir a formação de coágulos sanguíneos, e reduzir o risco de complicações graves como o AVC.
As opções de tratamento podem variar de acordo com a gravidade da condição, a presença de sintomas, e a saúde geral do paciente. Abaixo estão os principais tratamentos utilizados para gerenciar a fibrilação atrial:
Medicamentos
Algumas classes de medicamentos podem ser administradas em caso de fibrilação atrial. Entre eles:
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Antiarrítmicos: medicamentos usados para restaurar o ritmo cardíaco normal (cardioversão química) e prevenir a recorrência da fibrilação atrial. Embora eficazes, esses medicamentos podem ter efeitos colaterais, e seu uso deve ser monitorado de perto por um médico.
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Betabloqueadores: usados para controlar a frequência cardíaca durante episódios de fibrilação atrial, os betabloqueadores, como metoprolol e atenolol, ajudam a reduzir a sobrecarga cardíaca e aliviar sintomas como palpitações e falta de ar.
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Bloqueadores dos canais de cálcio: ajudam a controlar a frequência cardíaca, especialmente em pacientes que não toleram betabloqueadores.
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Anticoagulantes: são prescritos para prevenir a formação de coágulos sanguíneos, que podem levar a um AVC.
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Digitálicos: usada em alguns casos para ajudar a controlar a frequência cardíaca, especialmente em pacientes com insuficiência cardíaca.
Cardioversão
Há dois tipos de cardioversão:
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Cardioversão elétrica: este procedimento utiliza uma corrente elétrica controlada para "reiniciar" o coração e restaurar um ritmo normal. É geralmente recomendado quando a fibrilação atrial não responde a medicamentos ou quando é necessário restaurar rapidamente o ritmo cardíaco normal.
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Cardioversão química: realizada através de medicamentos específicos que ajudam a restaurar o ritmo normal do coração. É menos invasiva do que a cardioversão elétrica, mas pode não ser tão eficaz em todos os casos.
Ablação por cateter
A ablação por cateter é uma opção de tratamento para pacientes cuja fibrilação atrial não pode ser controlada com medicamentos. Durante este procedimento, um cateter é inserido através de uma veia até o coração, onde energia (geralmente radiofrequência) é usada para destruir pequenas áreas de tecido cardíaco que estão causando a arritmia. Este tratamento é eficaz para muitos pacientes, embora possa ser necessário repetir o procedimento se a arritmia retornar.
Marcapasso
Em casos em que a frequência cardíaca é inadequadamente lenta (bradicardia) após o tratamento da fibrilação atrial, pode ser necessário implantar um marcapasso. Este pequeno dispositivo é colocado sob a pele e ajuda a manter a frequência cardíaca em um nível adequado.
Mudanças no estilo de vida
Além dos tratamentos médicos, mudanças no estilo de vida são essenciais para o manejo eficaz da fibrilação atrial. Essas mudanças incluem:
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Manter a pressão arterial em níveis saudáveis.
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Adotar uma dieta rica em frutas, vegetais, grãos integrais e peixes pode ajudar a proteger o coração. Reduzir a ingestão de sal, gorduras saturadas e trans também é importante.
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Prática regular de exercícios físicos, que ajuda a melhorar a saúde cardiovascular geral.
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Parar de fumar.
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Reduzir ou evitar o consumo de álcool.
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Gerenciamento do estresse. Técnicas de relaxamento, como meditação, yoga e exercícios de respiração, podem ser benéficas.
Cirurgia
Em casos em que outros tratamentos não são eficazes, pode ser considerada uma cirurgia cardíaca para tratar a fibrilação atrial. A cirurgia de Maze é um procedimento em que cicatrizes são criadas no coração para interromper os sinais elétricos anormais que causam a fibrilação atrial. Este procedimento é geralmente realizado durante outra cirurgia cardíaca, como a cirurgia de revascularização do miocárdio.
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